quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Tempo
Ela não sabe se é a idade – é provável que seja, afinal perto dos 50 as pessoas costumam dizer que já estão jogando o segundo tempo, a metade final, mas o fato é que ela tem pensado muito nas escolhas que precisou fazer na vida e em como as - poucas/muitas/como medir isto? – opções erradas atrapalharam lá na frente, quando não dava pra mudar mais nada.
Ela sempre achou isto uma injustiça, fazer uma merda que vai ser decisiva logo ali adiante e não poder voltar atrás; ter que carregar este (s) esqueleto (s) o resto da vida, pensando que, se tivesse seguido outro caminho, tudo seria diferente. É uma pena que o se não existe; o tempo não tem marcha à ré.
Só que às vezes o imprevisível acontece e a gente recebe uma espécie de indulto por ter sido uma completa idiota. No início, ela não estava acreditando muito naquilo, achou que era mais uma pegadinha da vida de quem já se considerou a criança mais infeliz do mundo e que se acostumou a provocar abandonos para não ter que ser surpreendida por eles. Se desta vez o amor vai se distanciar da dor, só o tempo dirá. Mas ela gosta de pensar que, agora, não vai se arrepender depois.
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