terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Finais

É muito bom tomar champanhe em plena terça-feira. Cláudia controla a vontade de abrir mais uma garrafa. Afinal, os amigos já foram embora e qualquer gole a mais, agora, só vai piorar o dia de amanhã.

Mas ela bebeu o suficiente para se divertir com a própria situação. Cláudia não dá uma dentro quando o assunto é homem. A última vez em que ela acertou foi, sei lá, há mais de vinte anos. A prova mais recente da sua sucessão de equívocos aconteceu há minutos. Seu até então namorado foi embora dando a entender que não pretende mais voltar.

Só que, duas semanas atrás, ele estava quase jurando amor eterno. Ele dizia que finalmente tinha encontrado uma namorada que combinasse tanto com ele. Cláudia até achava que eles não combinavam tanto assim, mas acabou acreditando que aquele amor era predestinado.

Santa ignorância. É por isso que Cláudia ri agora, morrendo de vontade de encher a taça vazia pra rir mais ainda desta mania - ou necessidade - de achar que o impossível vai acontecer. Como dizia um amigo meu, não adianta esperar outro desfecho; o titanic sempre afunda no final.

A notícia boa é que Cláudia sempre se salva; a ruim é que ela não se traumatiza com barco à deriva.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Explosão

Há muito tempo Suzana não se sentia tão de saco cheio de tudo. Ela, que adora o clima festivo do natal, final de ano e férias, desta vez está desanimada. Até tá pensando em pedir uma telepizza para a ceia do dia 24. O importante é champanhe e acompanhamento de boa qualidade e isto ela já providenciou.

Suzana não sabe como a situação chegou a este ponto; ela sempre procurou ser uma pessoa do bem, solidária, compreensiva e todas estas coisas que a gente sabe que tem que praticar na vida. Mas cansou. Hoje, as únicas pessoas que ela admite fazer concessões são seus filhos. Ah, e para o seu treinador também.

Suzana tá com uma raiva em ebulição dentro dela. E isto é perigoso. Ela tem vontade de fugir, de mandar todo mundo tomar no cú - isto ela tá fazendo - e de dizer todas as verdades que as pessoas precisam ouvir na cara delas - isto ela tá fazendo com moderação. E, talvez por isso, a fúria seja tão grande.

Suzana vai tentar reagir; ela não quer sucumbir ao desprezo pela humanidade. Só que, nesta hora, ela tem vontade de pendurar uma placa de advertência no pescoço: mantenha distância, a gota d'água pode sacudir placas tectônicas e nada mais será como antes.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Segunda

Esta segunda-feira tinha tudo para ser um dia insuportável. O fim de semana não foi dez e hoje a chatice começava cedo; às 8h da manhã eu tinha estar numa sala de aula, com as cadeiras em posição de prova - a professora exigiu - apenas para assinar a minha, já que eu abandonei o curso lá pela metade. Mas pra não perder a vaga, tive que aceitar as normas da direção.

Aí eu já notei uma coisa diferente. Assim que pisei na rua, minha contrariedade passou. Fui caminhando e observando. É raríssimo eu estar na rua nesta hora. Cheguei no curso, assinei a prova, ouvi a professora dizer duas vezes em alto e bom som que eu estava rodada, respondi que sabia, desejei feliz natal a todos e voltei pra casa. Escolhi o lado do sol e cheguei a cogitar começar a caminhar no parque bem cedo, todos os dias.

Liguei o computador e um e-mail do meu chefe ameaçava estragar o dia de vez. Ele estava propondo agumas mudanças em um material que eu tô editando e que deveria ir pra gráfica hoje. Marcou um encontro às 14h. Às 15h, eu tinha três exames médicos marcados; às 17h tinha que cobrir uma reunião e às 20h aula com meu professor de musculação, quando combinamos iniciar umm treino mais forte; projeto verão 2010. Pra arrematar, depois da academia fui obrigada ir no super; não tinha nem água na minha casa.

Cumpri toda esta agenda sem me estressar um minuto sequer. No final, tudo deu certo e agora aqui tô eu, pensando o que diferencia estes dias daqueles em que tudo dá errado. E eu ainda esqueci de dizer que perdi a chave e que estava a pé; meu ex-marido tinha pedido o carro emprestado para ir a Caxias apresentar um trabalho.

Vou dormir feliz, mais ainda porque a segunda-feira acabou bem. Terça, sempre é mais fácil.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sexo

Meia-noite. Chego em casa acendendo todas as luzes, ligando a TV, o computador, a ponta. Me atiro na cama sem saber direito o que vou fazer. A possibilidade de dormir direto está descartada. A conversa com uma amiga com quem combinei um almoço continua me dando o que pensar.

Gisele parece estar passando pela crise dos 30, dos 40 e dos 50 ao mesmo tempo. Pelo primeiro e pelo segundo trânsitos de saturno. Ela tem angústias de mulheres de todas estas fases e o pior; se identifica com as de 25.

Gisele gostaria de ainda estar atraindo os homens de 25, mas tem consciência de que isto não faz parte da ordem natural das coisas. Só que o sexo ainda é tão presente na sua vida quanto há 20 anos atrás; talvez até mais porque naquele tempo tinha muita energia concentrada nos filhos.

É óbvio que tem dias em que Gisele nem pensa em transar, dias em que os homens são seres assexuados. Mas, em compensação, tem outros que até aqueles manequins, em loja de langerie, a deixam excitada. Hoje mesmo, ao escrever enxotar, fazendo palavras cruzadas, sentiu logo aquele calor; imediatamente associou à xoxota.

Ontem, uma amiga, uns dez anos mais velha, disse pra ela se tranquilizar, que, aos poucos, isto ia passar. Outra, da mesma idade, disse, com a maior calma, que não transava há três anos. Raramente, ela pensava em sexo e, assim mesmo, muito rapidamente.

Gisele percebeu que aí está o verdadeiro problema. Ela não quer que isto passe.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Azar

Num ataque de Polyana, Lena pensa que seus fracassos afetivos pelo menos rendem boas histórias. Agora, ela vive uma situação inusitada; uma crise no namoro.

Desde que seu último casamento acabou, Lena teve alguns casos e poucos namoros. Dois ou três com este status, talvez. Quando acabou, foi de uma vez só. Não teve aquele fim arrastado, típico dos casamentos em fase terminal. Agora, tá sendo diferente. O namoro entrou em crise e ela não sabe o que fazer.

Decretar o fim não deixaria Lena mais feliz, continuar como tá também não. Esperar que tudo piore, ela sabe que é pura idiotice.

Mesmo descrente do amor, Lena acreditou neste encontro, que não aconteceu do nada. O consolo de ter assunto para mais uma boa história, desta vez, não tá sendo suficiente. Lena está triste. Pagou pra ver e se fudeu. Mas não teve medo. Lena sabia dos riscos que corria. Perder era uma das possibilidades.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Esperança

Luciana teve que admitir que não tava preparada para a pouca vontade de transar que o namorado demonstrava; o cara ou tava cansado, ou broxa, ou meio-broxa, ou meio-bêbado ou não gozava. A situação estava ficando complicada. Ela realmente tinha se enganado com aquele homem.

O gozado é que ela tinha certeza que o namorado era daqueles que ela poderia contar pra transar bastante, se sentir gostosa, fazer pequenas sacanagens, nada que adolescentes não façam neste milênio, rir, gozar, senti-lo gozar. Mas ela, mais uma vez, errou.

Luciana demorou para se conformar com a realidade. Afinal, o cara provocava nela a sensação oposta. Toda vez em que eles se encontravam, a primeira coisa que vinha no corpo dela era transar. E com os últimos homens que provocaram tanto a sua libido quem sempre teve que pedir para parar foi ela.

Minha amiga tem tentado racionalizar; afinal ela e o namorado têm outras afinidades existenciais e filósoficas. Talvez ela deva parar de pensar tanto em sexo, mas isto significa que ela vai ter que se transformar em outra pessoa e ela gosta do que é.

O mais estranho é que quando tudo funciona do jeito que ela queria que fosse sempre, a transa é perfeita; palavras e movimentos certos na hora mais certa ainda. Orgasmos de fazê-la ter ter certeza de que o paraíso existe e que ela está lá no meio. Também por isso ela ainda espera que alguma coisa aconteça e seu namorado note o seu desespero.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Lições

Patrícia para em frente a uma banca de revistas e dá de cara com uma Cláudia. Na capa, a chamada "Lições de amor e sexo de casais felizes" lhe provoca risos. Será que a humanidade está condenada a viver esta eterna ansiedade?

Por mais absurdo que pareça, Patrícia se sente tranquila em relação a estes assuntos. Ela transa com quem quer - tá certo, às vezes até com quem não quer (muito)- se apaixona de vez quando, esquece quando não vale a pena, recai quando é convencida, foge quando é preciso, mas isto é raro de acontcer. Eles fogem antes.

Talvez, a principal fragilidade de Patrícia em relação ao amor e ao sexo seja sua ingenuidade. Talvez ingenuidade não seja bem a palavra, mas ela ela é uma pessoa fácil de ser enganada. Os homens logo percebem esta característica. E abusam. Ela nunca acha que é abuso. E se engana. Não é o caso de comprar a Cláudia, mas aí tá uma coisa que Patrícia ainda tem que aprender.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sapos

Quando era adolescente, Karem gostava dos guris impossíveis, aqueles confirmados. Ela lembra de ter namorado dois deles. Ela mal acreditava que - sem mexer uma palha, se a gente considerar toda a obrigação de seduzir que os tempos modernos impõem -tinha conquistado seus objetos de desejo.

Adulta, Karem continuou com esta mania, mas abriu exceções. Afinal, os normais também têm seu charme. Já perto dos 50, ela aprimorou sua preferência e passou a se interessar pelos absolutamente impossíveis, não pelos mesmos motivos dos guris da adolescência. Os impossíveis de agora estão muito mais pra sapos do que pra príncipes. Sapos metidos a principes, mas sapos.

Karem está tentando assimilar que os absolutamente impossíveis são um caso perdido, eles não vão mudar nestas alturas da vida. Pelo contrário, eles se orgulham do que são: se eles broxam é porque não são apenas um pau; se furam algum encontro é porque são humanos, se não têm dinheiro é porque não se venderam ao sistema; se dão em cima até nas amigas da filha é porque estão com a testosterona em alta; se estão se comportando igual a um menininho de dois anos (vá lá, cinco) é porque são sensíveis.

Karen achava que uma das inúmeras desvantagens de estar chegando aos 50 é que até os absolutamente impossíveis estavam perdendo a graça. Mas aí surgiu um feito sob medida pera ela. Seu mais impefeito par perfeito.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Idiota

Ressaca moral é foda. É assim que Milene se sente hoje. Arrependida de tentar explicar uma coisa para um homem. De se expor - como sempre - de ser viciada em sentimentos idiotas.

Quase todas as vezes em que Milene ficou puta com um homem - os importantes, é lógico - eles tentaram convencê-la de que estava louca, exagerando, vendo cabelo em ovo, maximizando coisas sem importância.

Milene se considera tolerante, mas tem fama de intransigente; se acha generosa e seus namorados a acusaram de egoísta; prefere a verdade à mentira, mas mente se a situação exigir. Acha isto uma vantagem; afinal quem só aceita a verdade só se fode.

Aliás, vem daí a ressaca moral. Necessidade besta de dizer a verdade.

Quanto amadorismo!

domingo, 15 de novembro de 2009

Amor

Na frente da TV, aproveito para curtir uma novelinha pós Jornal Nacional, mas tenho o azar de pegar um capítulo tão insuportável que eu resolvo levantar da cama e arrumar o quarto. São cenas intermináveis de casais falando idiotices que representam o amor.

Ainda tenho dúvida sobre se todos os casais são canastrões ou só aqueles que acreditam no amor. Também já não sei se entendo alguma coisa do amor. Admito que o meu egoísmo pode ser tão grande quanto a minha generosidade e que a solidão talvez seja uma solução.

Só que eu olho para o teu lugar na cama e penso como seria bom se, justamente hoje, tu estivesses ali; aqui. Minha auto-suficiência quer companhia, tenho vontade de transar contigo antes de dormir e transar de novo ainda dormindo antes de acordar.

Lembro das vezes em que valeu a pena te buscar de madrugada só pra gente transar e dormir pouco e acordar exausta mas feliz. E passar o dia se arrastando.

Gosto do teu braço e lembro que tu gostas das minhas pernas. Eu gosto de entrar no quarto e te ver dormindo, de tomar café da manhã correndo porque antes eu fiquei desfilando de calcinha; gosto quando tu me deixas no trabalho e promete que qualquer dia vai me levar dali no meio da tarde, mesmo que este dia nunca chegue.

Tem as coisas que eu não gosto também; mas estas eu acho que já sabes.

(Im) potência

Marcos já tinha transado com as duas irmãs de Laura e ela seria a próxima, sem dúvida. O psicólogo, massagista, terapeuta corporal, professor de biodança e adepto de outras teorias que por trás tinham a mesma filosofia, estava decidido a transar com as três irmãs e elas tinham combinado dar. E depois conversar.

Primeiro foi a Flávia, que ficou maravilhada. Depois, a Fernanda, que confirmou que o cara era um fenômeno na cama. Quando chegou a sua vez, Fabiana estava preparada para tudo, até para o cara broxar, situação que já comum na vida dela, mesmo naquela idade, aos 20 e poucos anos.

Vinte poucos anos depois Fabi acorda pensando naquela época. O namorado, do lado, tá com jeito de quem ainda vai dormir bastante. A noite foi forte. O sexo, com Alexandre, é realmente recompensador, graças à potência de meio Viagra à tarde e mais meio à noite.

Entre Marcos, Alexandre – e mesmo antes do primeiro, muitos homens broxaram com Fabiana. Eles de pau mole e ela gozando na perna, na mão, na boca dos caras. Ela nunca acreditou que não funcionava. Hoje ela acordou pensando que gostar de broxas não deve ser uma coincidência. Talvez seja uma forma torta de autoafirmação. Homens precisam fracassar para ela se sentir a tal, mesmo que o fracasso deles implique na desconfiança de que a culpa é dela. Um homem humilhado seria uma espécie de vingança por todas as coisas que também não funcionam nela.

Bobagens

Quase duas horas da manhã e eu com aquela sensação boa do dever cumprido. Achei que ia ser um dia arrastado, quase improdutivo, mas me enganei. Fora a aula de inglês, que eu não fui, e as três cervejas antes de ir para casa, tudo contrariou a premonição do começo.

Olho para o teu lado na cama que ta dominado pela minha bagunça e gosto de pensar que tu tens um lado que eu ocupo quando quero. Hoje tem roupa, livro, jornal, creme, isqueiro, chave, bolsa, anel, celular e saudade de ti.

Vou deixar o teu lado vazio e esperar que tu preenchas todo espaço mais tarde. Se não, boto tudo de volta. Vou ficar quieta em companhia dos meus objetos inanimados, perturbada com a ausência, braba com a insistência e feliz com a resistência.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

No final, a surpresa

Bendito câncer que fez eu entender que tu me amas. Foi assim que meu pai de despediu de mim após quatro meses de um forçado convívio diário no hospital. Nunca a gente tinha ficado tão perto. E pela primeira vez admiti que poderia perdoá-lo.

Meu pai era um fraco e passei por diversos divãs para aceitar que eu tinha tido este azar. Os consultórios, porém, não me livraram de uma assumida queda por homens que misturam narcisismo e baixa auto-estima em doses que têm capacidade de destruir até o ego de alvenaria do porquinho Prático.

Meu pai morreu num daqueles dias de inverno que faz a gente implorar pelo calor. Junto com ele tentei enterrar nossa história de desamor. Mas por muitos anos pensei se aquela frase do bendito câncer não foi seu recurso cênico final para morrer com a certeza que eu o tinha perdoado.

Uma frase premeditada, dita minutos antes de morrer. Meu pai seria capaz de ser tão manipulador? Acrescentar uma carga dramática extra à sua morte só para fomentar a minha culpa? Hoje, eu tenho certeza que foi um ato de generosidade com a intenção sincera de me libertar de qualquer culpa. Meu pai conseguiu me surpreender até no final, quando eu não esperava nada mais dele

Dedos

A história do dedo passou o dia distraindo Sarah. O dedo que ela gosta e ele desconfia. Diz que vicia. E que ela não devia.

Sarah nunca tinha ouvido isto de um homem, mas achou uma abordagem, no mínimo, original. Ela realmente goza mais rápido se usar o dedo. Pode ser o dele, mas ela prefere o dela. Melhor ainda se os dedos forem dos dois.

Mas o namorado de Sarah quer tirar o dedo do primeiro plano e colocá-lo no seu devido lugar. Pensa que ela se masturbar durante a transa meio que queima etapas. E ele prefere o caminho completo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pra sempre

Eu sempre espero de ti aquilo que jamais terei, eu sei, mas um desejo incontrolável de que as coisas fossem diferentes me faz sempre esperar mais do que eu devo. Toda vez eu entro jurando que será a última e saio apenas pensando na próxima.

Hoje, a cena estava se repetindo, mas de repente eu vi que não tinha mais condições de me ocupar de ti. Entre ataques de choro e de riso, de raiva e de cansaço, a gente se separou. Pra sempre.

Namorado

este namorado
foi um achado
ele canta
transa
e dança
bem
já não quero
viver sem

Foi bom te conhecer

Abro os olhos e não penso puta que pariu, tá na hora de levantar, só me viro pra encaixar melhor em ti. Foi bom te conhecer. Foi bom passar a noite contigo. Foi bom acordar colada. Foi bom arriscar.

Tomo café com calma, leio o jornal meio displicente, penso ti, entro no banho e volto a pensar na sorte de um amor tranqüilo com seu lado tsunâmico.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bel

Um amigo meu disse, assim como se fosse a coisa mais normal do mundo, que já tinha transado com umas 200 mulheres. Contei pra Bel e ela ficou apavorada. 200 é mina pra caralho.

Bel me disse que um ex-namorado dela fez uma lista de todas as mulheres que comeu. Um dia, ela encontrou um papel amassado, no fundo de uma gaveta. Pegou, achando que era lixo, mas era uma folha com um monte de nomes de mulher. Ela chegou a pensar que era uma lista de convidadas pra uma festa porque o nome da sua irmã estava escrito no papel.

Depois ela ligou nexo com sexo e viu que o ex-namorado tinha transado com quase todas as mulheres que ela conhecia e com mais um monte que ela não conhecia. Mas o pior veio quando ela falou com a irmã, que disse que nunca ia esquecer aquela trepada porque foi o único homem que a comeu em pé.

Bel não transou com 200 homens e entre as posições verticais e horizontais prefere a segunda opção. Só não precisa começar pelo pé, mas também pode.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Moreno jumbo II

- Tu tens problema de inspiração?
-Não
-E de auto-estima?
-Também não

Irene estranhou as perguntas, mas respondeu com a sinceridade habitual. Afinal, estes problemas ela deixou lá atrás.

Era uma oficina literária, mas funcionava como um tipo de terapia em grupo. O desafio era ser anti-clichê o que, vamos combinar, é outro baita clichê. Adepta da filosofia que lá tá que lateje, Irene resolveu ser totalmente clichê o que, também vamos combinar, não deixa de ser anti-clichê.

Lá pelas tantas, o coordenador da oficina falou que escrever que mulher gosta de pau duro é clichê. Irene ficou preocupada; pelo rumo da conversa a próxima afirmação seria que homem ficar de pau duro é clichê. Bem, aí não ia bastar discordar. Irene ia ser obrigada a se retirar.

Tudo isto porque Irene anda fantasiando com o moreno jumbo que come a sua empregada. Mais especificamente com o jumbo do moreno. Feliz da Rose que não sabe o que é clichê.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Moreno jumbo

A empregada de Irene gostava de contar vantagem quando conversavam. Ao ver que minha amiga estava sem transar há um tempão, ela disparava a falar do moreno jumbo que a esperava em casa todas as noites.

Irene começou a fantasiar com o tal moreno. Imaginava o jumbo do cara, que devia ser um senhor jumbo, a julgar pela expressão de felicidade que sua empregada trazia nos olhos todas as manhãs.

Irene começou a achar que todas as mulheres deveriam desfrutar daquele moreno jumbo. Rose, a sua empregada, ganhava pouco, trabalhava muito, tinha quatro filhos pequenos, morava longe, pegava dois ônibus e mais o trem para chegar no trabalho, quando chovia a sua rua virava um lamaçal, mas nada disso parecia ter a mínima importância. Seu moreno jambo, além de tudo, era um jumbo.

Mulher bem comida é mulher feliz. O resto é o resto.

domingo, 16 de agosto de 2009

Na tua vibe

Depois de seis horas em todas as vibes, de mais duas descendo a serra na escuridão, fora as duas subindo, chegou o momento da nossa vibe. Valeu a pena esperar.

Nanda passou o domingo mole, na cama, só pensando na noite maravilhosa. Cérebro e corpo à beira da exaustão. A perna dele em cima da perna dela depois. A mão dele no meio das pernas dela antes; a mão dele segurando as coxas, os quadris e o bico do seio dela durante.

O dia tá no fim e aquela sensação de conforto pós-orgasmo ainda a acompanha misturada com a vontade de começar tudo de novo. Só na vibe.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vontade pela décima vez

A TPM deve estar chegando. Afinal, recém são 11 horas da manhã e Mel já está nervosa. Ela sabe que não é culpa da TPM; esta ansiedade tem outra razão. E parece que, desta vez, a ginástica não vai resolver.

Mel já fez de tudo pra desarmar o cara. Literalmente, dançou e cantou. Escreveu. Falou. Olhou. Convidou... deu, quer dar, quer ficar dando o dia inteiro, passa o tempo todo pensando em dar... e o cara... a duvidar? a pensar? a se afastar?

Quanta incompetência, minha amiga!

sábado, 8 de agosto de 2009

Bip

Seis e meia da manhã. Daniela acorda com o bip de mensagem no celular e percebe que aquele barulho tá tocando há um tempão, já fazia parte do sono. Procura o óculos, acha o telefone e encontra duas, não uma só mensagem.

Te amo, diz a primera. Tô com medo, diz a segunda. Ou ao contrário, não importa. Ela fica feliz. E com medo também.

Daniela tem pouca disposição para o amor, o verdadeiro. Se ela for rigorosa, a última vez em que se apaixonou foi há uns 20 anos, talvez até mais. Se ela tiver num momento mais romântico, pode achar que foi há dez. Tudo lá atrás.

Minha amiga vive dizendo que acha que nunca mais vai se apaixonar na vida. Se ela estiver num momento mais radical, diz mesmo que não acredita (mais)no amor. As pessoas entram e saem da vida dela e tudo continua igual. Até que um louco chegou fazendo tumulto.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

No estúdio

Vivi não sabia que cantar era tão afrodisíaco. Ela sempre gostou de cantar em casa, no carro, na rua, em festas, no karaokê, mas nunca tinha sido assim como ontem, ela seduzindo um homem descaradamente.

Um homem difícil, diga-se de passagem. Interessado e arredio. Insinuante e reservado. Inteligente e anárquico. Sexy e exaltado. Nervoso, gostoso e delicado. Original. E real.

domingo, 2 de agosto de 2009

De ladinho

Gisele, aquela que queria fazer sexo pelo computador, nem acreditou quando o cara disse que gostava de transar de ladinho. Pra completar, o cara disse que a última namorada dele, no dia da briga final, reclamou que ele nunca tinha pegado de verdade. Ele não entendeu e a namorada explicou que esperava um momento assim, pendurada no lustre de cabeça pra baixo.

Gisele já andava se achando um ET por se recusar a participar destes rituais e de repente estava transando com um cara que também cansou de trepar encenando.

Gisele não encontrou este cara que combina com ela na internet. Eles se conhecem há mais de 20 anos. Já foram casados com pessoas que foram casadas, já cuidaram das mesmas crianças, foram vizinhos, têm amigos em comum, frequentaram as mesmas festas. Mas nada de sexo.

Será que eles eram a fim de transar faz tempo? Ela confessa que já tinha pensado nisto, mas tudo o que aconteceu lá atrás funcionava como um limite para não ir em frente. Agora, ela vê um outro lado da coisa. Pensa que tudo o que aconteceu lá atrás é o que junta eles pra tudo que pode acontecer daqui pra frente.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Quem sabe?

Bah, eu tô aqui paralisada pelo frio, vendo uma besteira completa na tv e pensando nas opções erradas que a gente faz. E nas certas. E nas vezes em que a gente se engana, errando quando acha que acerta e o contrário também.

Errar é foda; cometer o mesmo erro sempre, então, é uma merda; impede uma evolução necessária das coisas. Mas eu insisto com este erro. Deve ser porque eu ainda acredite que, um dia, tu vais sentir o nosso acerto.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Básico

Gisele nunca teve vontade de fazer sexo pelo computador, mas hoje resolveu experimentar. O problema é que ela não sabe nem como começar. Na verdade, não tem ninguém com quem ela possa fazer este intercâmbio. Resolve trocar a internet pela rua. As vezes, a gente tem que ceder.

Tudo o que Gisele queria era ficar na cama, com a estufa ligada, o laptop no colo, o quarto bem quentinho e ela ali, teclando sacanagem. É muito mais fácil, dizem as suas amigas que estão craques na modalidade. Vitória, uma expert, explica que todas as coisas que são meio nojentas no sexo ficam distantes. Fica só a excitação, a tesão, a vontade de gozar pra caralho.

Será? Gisele está quase admitindo que, realmente, é uma mulher conservadora. Ela adora um sexo básico bem feito e tem resistência com o sexo performático, o sexo exibicionista, o sexo evento. E transar pelo computador deve ser um mix destes três com outras taras.

Mas ela vai tentar. Ela pensa que a distância física pode até ser boa durante (bom, neste caso não existe o antes), mas depois... ela vai sentir falta de um corpo quente do lado. Básico.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Abstinência

A disposição extra pra academia deve ser algum tipo de compensação pela falta de sexo, mas isto não chega a preocupar. Grave mesmo é estar gostando mais de malhar do que de sexo. E mais grave ainda é que ela está com vontade de malhar cada vez mais.

Aline vive uma espécie de pós-trauma em relação ao sexo. Seu último parceiro gostava do sexo humilhação e ela acabou cedendo. Na verdade, ela tentou levar o comportamento do cara na gozação, mas ele deve ter entendido isto como sinal verde pra extrapolar com todos os limites.

Aline não precisaria nem dar um telefonema pra resolver este problema. Podia só responder um e-mail ou não desviar o olhar. Mas ela está, praticamente, fugindo de homem. Agora, pra curar esta ressaca, só o pau maravilhoso do Luiz, mas ele sumiu. Também poderia ser com o Hugo, mas envolve sentimento. Vai sobrar para o Antônio, como sempre. Tá na hora de valorizar mais este rapaz.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Erros

As últimas vezes, pelo menos as últimas duas vezes em que Nina achou que estava bombando, ela se enganou. Isto nunca tinha acontecido antes; e foram duas vezes seguidas. Simultâneas, pra ser mais exata. Tendo que escolher entre dois, ela optou pelo homem errado. Dupla perda numa tacada só.

Não é fácil admitir a burrice, mas Nina achou que era melhor assumir publicamente sua idiotice, acrescentando alguns elementos de ficção para disfarçar a burrice e parecer ingênua. Até ela já está convencida que tudo aconteceu daquele jeito que ela conta para as pessoas.

Desde então, Nina resolveu que não existe o certo e o errado e todas suas nuances. Só cogita o erro. E mais uma vez pode estar se enganando.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pedido

Estes dias eu ouvi uma conversa em que as pessoas diziam que o segredo do namoro da Madonna com o Jesus estar dando certo é que ele não fala inglês. E nem ela português.

É uma possibilidade razoável, pensei. Dá certo porque o entendimento deles se dá por outras vias que não a verbal. Dá certo porque ele tem o que ela quer e porque ela também tem o que ele quer. Precisa de algo mais para um romance vingar?

Os dois não falam a mesma língua e é inegável que isto tem algumas vantagens. A principal é estarem livres daquelas discussões intermináveis que acompanham quase 100% dos namoros e casamentos e atingem até os pequenos casos.

Uma pessoa que a gente ama, acha que ama, faz força pra amar, faz força pra não amar ou para deixar de amar ou não quer amar, não interessa a situação, mas alguém te enchendo o saco direto é pior que alguém te mentindo, te traindo ou se fazendo de vítima. Podem me fazer de trouxa, mas me divirtam e não me encham o saco. Será pedir demais?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fidel

Nada como uma taça de vinho, um baseado e a tranquilidade do lar depois de um dia de rotina normal - trabalho, academia, pendências domésticas a resolver e demandas afetivas a suprir.

Cecília encara tudo isso quase que diariamente e procura cumprir pelo menos parte das tarefas. Nem sempre são as mais importantes. Mas ela vai tocando mais ou menos de ouvido.

Só que esta previsibilidade deixa Cecília inquieta. Ela gosta de novidade, gosta da diferença, do imperfeito, do que surpreende. Isto significa que ela só se interessa por homem pobre, feio, meio gay, bipolar e depravado. A culpa é do Fidel!

domingo, 14 de junho de 2009

Diálogo

No meu último post, eu estava totalmente convicta dos privilégios da vida de solteira. Naqueles dias, uma amiga minha se separou e fez um desafabo comigo pelo msn. Ctrl c e ctrl v, esta foi a conversa:

(amiga)-bom dia!

(eu)-chutou o balde?

(a)-sim

(e)-bah

(a)-ontem chorei o dia inteiro, não quero mais ficar casada, não quero mais dar satisfação, não quero mais, não sei ser casada, gosto de ser independente, tenho horror de pensar em homem mandando em mim, me dá até coceira de pensar em homem mandando em mim, pode ser o brad pitt que tô fora, adoro trepar com ele, mas o amor dele me sufoca, tô cansada e tô de repé

(e)-bah, e o teu marido já sabe disso?

(a)-estamos conversando, ele ia sair de casa ontem e e agora tá todo queridinho

(e)-tu falou do outro?

(a)-nunca vou falar, mas o outro nao é a razão. Isso que é o pior; diferente de quando eu me separei da outra vez. Quero sair e dar sem culpa, quero ficar só quando eu tiver vontade, que merda! Há 30 anos eu caso sem parar, tô num baita repé, e além do mais eu não tiro as razões dele. Eu sou difícil, complicada, não priorizo o casamento, não há homem que suporte isso.

(e)-bem, eu sou solteira por esses e outros motivos

(a)-é óbvio que o outro vibrou com isso, mas ele é meio mandão também

(e)-homem gosta de mandar

(a)-acho que vou começar a namorar mulher, em mim ninguém manda. No começo eu vou suportar porque o cara é culto, delícia e me come com aquela voz, mas depois... e tem mais...

(a)-por isso é que gosto de comer guri, por que guri tem sede de aprendizado, além da carne dura, homem é uma delícia no começo, tudo aquilo, mil assuntos, viagens, conhecimento, bom sexo, nada acrobático....tudo curtido, mas antes de ontem eu saí e ele todo querido me dissassim manda uma foto...quero ver como tu tava - e eu idiota mandei - e e ele 'mas e essa camiseta transparente?', hahaahahahaha e eu disse em cx alta, onde tu tá vendo transparência SEU DOENTE? e ele viu, ai por favor. Aí eu vi a ex-mulher dele, meiga...vestido comprido...floral... bah, nada a ver comigo. Então, se é pra dar toque eu falei pra ele: queridinho, da próxima vez que vieres traz um calção de ginástica e um tênis, vamos correr no parcão, tu tá precisando de uma ginastiquinhaaaaaaaaaa HAHAHAHAHAHAHHAHA

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Solteira II

Leia, amiga de muitos anos, leu o post anterior e me ligou. Ela é uma solteira feliz e quer dizer ao mundo que isto é possível. Apesar de hoje não estar me sentindo muito bem - e isso quer dizer que eu não quero botar lenha nesta fogueira - ouço pacientemente. Inclusive, sugiro que ela escreva sobre isto e publique aqui. Ela promete pensar.

O que deixou Leia tão bem, na verdade, começou num baita revertério físico e psíquico. Primeiro, ela começou a se sentir indisposta e desanimada. Depois, a sensação desagradável foi aumentando, o corpo todo doendo, um misto de febre, frio, naúsea. Este mal-estar afetou o lado emocional. E Leia começou a questionar a sua vida. Tudo que é bom, ela botou defeito. E tudo que é mais ou menos (não tem nada horrível) virou uma tortura crescente.

Hoje, Leia acordou melhor. Ainda meio fraca fisicamente e desgastada emocionalmente. Mas quando lembrou do dia de ontem, uma sensação de tranquilidade surgiu. Doente, ela não sentiu falta de um marido. Carente, também não.

sábado, 23 de maio de 2009

Solteira

Mulher solteira tem que ser gostosa, me grita uma amiga minha do carro logo depois de me deixar em casa depois uma divertida noite a duas. Subo as escadas rindo e pensando na trabalheira que a vaidade dá e que, na medida em que o tempo avança, a obrigação de ser gostosa deve virar uma baita frustração.

Minha amiga não quer saber de filosofia, quer mesmo é ser admirada. Pra ela, a indiferença, sim, é um problemão. Está sempre pronta para um novo encontro. Depilada, maquiada (ou com necessaire completa na bolsa), calcinha de rendinha, pés e mãos pintados e a fim.

Concluo que a gente é muito mais parecida do que eu sempre achei. Eu também ando sempre depilada, pelo menos com um rímel, odeio calcinha velha e, faça chuva ou faça sol, vou na manicure uma vez por semana. A diferença é que nem sempre eu tô a fim.

domingo, 17 de maio de 2009

Marcas

Minha mãe era uma desobediente. Uma mulher marcante pela personalidade e beleza. A história que talvez melhor simbolize a sua força seja quando, horas antes de morrer, rejeitou a extrema-unção e, furiosa, expulsou o padre do quarto.

Eu já imaginei esta cena algumas vezes. Minha mãe não estava conformada com a morte, por isto recusou o ritual final que o padre foi cumprir. Achava que era uma hipocrisia se render naquela hora em que queria viver. Achava uma injustiça morrer e deixar três filhas pequenas sem mãe.

Hoje, eu agradeço à minha mãe a filha que eu tenho. Uma outra mulher marcante pela personalidade e beleza. Hoje, de certa forma, a Mariana agradeceu à minha mãe a mãe que ela tem. Ela cantou a música 'Lulu' ali no meio da Redenção. Entre um povo espalhado, alguns amigos me abanavam emocionados. Eu olhava a Mariana e pensava na minha mãe. E na mãe que um dia a Mariana vai ser. Corajosa e verdadeira. O resto se ajeita.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pensamento

Ela não sabe que horas são, só que é tarde, que bebeu um pouco além da conta e que amanhã será um dia difícil. Mas ela está feliz.

Tudo por causa daquele telefonema que ela achava que nunca mais ia rolar, mas estava enganada. Minha amiga tem esta mania, é uma mulher fatalista. O cara passa uma semana desaparecido (neste caso, foi bem mais, é verdade) e ela acha que a história dançou. Sem traumas.

Várias vezes ela tinha pensado em acabar com o silêncio e ligar. Mas dominou a ansiedade e respeitou a distância do seu amigo. Ela resolveu estabelecer uma conexão total com seu desejo, acreditando que o pensamento positivo poderia dar certo. E o telefone tocou.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Prioridades

Eu já tinha desistido, me conformado, pendurado as chuteiras, mas o cara bateu na minha porta, me conta uma amiga minha, confessando que está envolvida com um homem que não sabia que ela tinha decretado o encerramento da sua vida sexual e afetiva.

Eu não tive tempo de falar nada e ela continuou, dizendo que o cara era agradável, pequeno empresário e cozinhava tri bem. Estranhei que o sexo não figurasse entre as qualidades do rapaz e perguntei se a transa também era legal. Ela foi sincera:

-Não priorizo mais o sexo.

Uma outra amiga minha me contou uma história parecida. Cansada do rudimentar mundo masculino, se auto-exilou. Até que um vizinho bateu na sua porta e quase no mesmo dia começaram a namorar. Imagino que só uma atração sexual irresistível poderia explicar esta aproximação instantânea. Mas estou errada. Ela já sabia que eu ia perguntar e se adianta.

-Ele é devagar na cama.

Diante da minha cara de espanto, ela anuncia:

-Não priorizo mais o sexo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sonhos

Jô ainda lembra do seu primeiro amor impossível. Ela estava na 5a série, tinha dez anos e o nome do guri era Alexandre. Ela lembra, inclusive, o sobrenome, mas prefere ocultar. Vai que ele lê e fica sabendo que, 36 anos depois, ela ainda lembra dele.

O Alexandre era o gostosão do pedaço, se é que isto é possível aos dez anos de idade. Tinha olhos azuis maravilhosos. Enormes. Andava como se tivesse o rei na barriga. Jô até tá achando que o guri era meio barrigudinho, meio troncudinho.

Ela suspirava e o Alexandre esnobava. Aí ela também esnobava, mas o Alexandre nem notava. Ela se irritava. Quando chegava neste ponto, parecia que o Alexandre começava a se divertir. Ela notava o joguinho. As crianças não são tão inocentes assim.

Depois do Alexandre, minha amiga teve muitas paixões que considerou impossíveis. Mas este foi o único que permaneceu platônico. Deixando a infância de lado, todos os outros, que começaram no sonho, acordaram do lado dela. E às vezes por muitos anos. Era isto o que ela mais queria agora. Que este homem que a faz sentir a mulher mais especial do mundo não desaparecesse justamente nesta hora.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Situações

Um amigo meu morreu, dois estão se destruindo e um desapareceu. Eu não sei o que lamento mais.

Eu já passei por situações que beiravam esta destruição, quando um homem e uma mulher estão empenhados em detonar um ao outro e tudo mais o que encontrarem pela frente. Eu digo beiravam porque o sentimento que me movia não era do mal. Mas gerava o mal.

A experiência tem que servir para alguma coisa e hoje eu fujo destas relações. Às vezes demora um pouco, mas eu forço ou aproveito uma brecha para sair correndo ou à francesa.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Calcinha

Renata adora uma calcinha, então considerou a proposta de deixar que fotografassem a sua calcinha irrecusável. A fotógrafa tinha a incumbência de fotografar só as calcinhas de mulheres no banheiro feminino. Elas escolhiam se levantavam a saia ou baixavam o jeans; a única exigência era mostrar a calcinha. Renata tirou logo a saia.

Ela posou com segurança. Por sorte, estava com uma calcinha nova, preta com bolinha branca, com lacinho do lado, um corte que favorecia o corpo, pequena mas confortável, sensual sem exageros.

Quando Renata viu a foto, foi um choque. Todas as suas dezenas de anos estavam retratadas minuciosamente naquele triângulo. Ela não se lembra se já tinha tirado um close desta região; acha que não.

Se deparar com a dura realidade é educativo, se bem que neste caso ela gostaria que o photoshop transformaase esta foto em outra. Viva a realidade virtual.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Tentativas

Justiça seja feita, Adriana tentava estabelecer algum tipo de relação mais estável com o sexo oposto. Mas era quase impossível passar do primeiro mês. Quando passava, era porque os dois se viam uma vez por mês. Bem, algum tipo de relação estável foi formada.

Já teve o cara que tomava vodka assim que acordava; o que não queria dividir coca-cola com os filhos dela; o que via vultos do mal quando entrava na casa dela; o que disse que ela estava se insinuando para o DJ porque ela estava dançando numa festa; o que mandou ela abrir a buceta e reclamava do jeito que ela transava;

o maníaco por limpeza; o que pedia dinheiro emprestado não queria pagar; o que achava que nunca precisava pagar nada; o que transava com todo mundo mas queria fidelidade; o que broxou todas as vezes e reclamou porque ela queria gozar; o que a mandou calar a boca na frente dos amigos.

Talvez precisasse de mais uns dois parágrafos pra completar a lista dos tipos exóticos e mal educados que Adriana namorou nos últimos tempos, mas vou parar por aqui em respeito a boa vontade de Adriana com os homens. Ela não vai desistir.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Peixe

Sozinha no meu quarto, só ouço o barulho da brasa queimando e uns latidos bem longe. A televisão tá desligada, meu filho dormindo, os vizinhos quietos.

É um silêncio que contrasta com a minha gritaria interna. É preciso contê-la e por isso eu me refugio na minha cama e ligo o computador.

Na verdade, eu tô insatisfeita. Pelo menos, com o dia de hoje. Fiz um trabalho que não gostei, desconcentrei total numa aula de inglês, não fui na ginástica, comi demais e ainda disse umas verdades. Talvez eu também tenha sido mal interpretada em uns telefonemas, mas só amanhã eu vou ter certeza.

O problema não é estar insatisfeita, mas deixar claro pra todo mundo que o mar não tá pra peixe. Hoje eu tô assim; sem mar e me sentindo um peixe.

domingo, 26 de abril de 2009

Avatares

Eu e meus avatares. Foi assim que um amigo meu definiu este blog. Eu logo notei que o cara tinha uma sensibilidade extra para o sexo feminino. Poucos homens seriam tão perspicazes.

Meu amigo tem razão; eu poderia ser todas estas mulheres. As histórias de todas as mulheres são muito parecidas.

Ou eram. Minha filha, por exemplo, se empenha em construir uma história diferente da minha. Casada há bastante tempo para quem tem apenas 24 anos, ela pensa no relacionamento a longo prazo. Apesar do meu último casamento ter durado 12 ou 13 anos na mesma casa e mais uns seis anos em casas separadas eu não me lembro de fazer estes planos.

Eu nunca acreditei que ficaria tanto tempo casada, talvez por isso não fizesse planos. Eu fico em dúvida se era baixa auto-estima ou excesso de autosuficiência, desapego ou medo da dependência, mas eu sempre boicotei o amor eterno. O que não quer dizer que sofri menos do que aquelas que acreditam em príncipes. É que os meus já chegaram com cara de sapo.

sábado, 25 de abril de 2009

Sorte

Tudo era perfeito. A casa, a toalha, o edredon, o chuveiro bem quente, a temperatura do quarto. O morador, principalmente. Estudado, viajado, malhado, perfumado, tratado e bem dotado.

Minha amiga se considera uma mulher de sorte. Uma vez, quando ela disse isto para o terapeuta, ele respondeu que não era sorte, mas competência. Ela contestou. É sorte.

Foi a sorte que proporcionou que minha amiga e este cara se encontrassem, mas foi o interesse de Fernanda que os aproximou. Por sorte, ele topou. Ele era um perigo, mas ela encarou.

O romance continua, com Fernanda mantendo uma prudente distância. Não basta ter sorte, tem que ter competência.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Trocas

Buchinha na mão, calcinha no chão. Assim era o sexo no tempo da cocaína, diz um amigo de Carol. Assim ainda é o sexo, pensam outros, só trocando a buchinha por outro atrativo qualquer. Eu tenho o que elas querem e elas têm o que eu quero, já lhe disse um outro.

Carol não se identifica com este tipo de relacionamento, mas acha que tudo faz parte das trocas que homens e mulheres estabelecem, às vezes distorcidas, às vezes verdadeiras, às vezes distorcidas de forma verdadeira, são praticamente inesgotáveis as possibilidades.

Carol tenta estabelecer trocas sinceras, mas acha que às vezes os homens preferem a mentira. Bem, sempre há o recurso das mentiras sinceras. Será que esta é a chave para o equilíbrio da humanidade?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quase

Ela achava que nunca mais ia se apaixonar na vida. Achava não; tinha certeza. Por isso, ainda resistia a acreditar no que estava acontecendo. Ela estava (quase) se apaixonando. Por dois.

Minha amiga tem esta sina; tudo na vida dela é meio diferente. Ela está apaixonada por dois e em paz com este sentimento. Ela se sente feliz com eles e ninguém vai convencê-la de que isto está errado.

São homens totalmente diferentes, mas que têm em comum a inteligência, o senso de humor e a paudurescência, como diria o Lobão, pra vida. Combinação (quase) fatal.

sábado, 18 de abril de 2009

Mais

Minha amiga não consegue esquecer as taças. Nem o dono das taças, dono também de uns braços maravilhosos. Assim como as taças, são os braços mais belos que minha amiga tem deitado.

Ela gosta de braços fortes, tanto em mulheres como em homens. Quer ficar com os braços da Madonna e ningúem entende. Seus amigos e amigas acham os braços da Madonna horríveis. Ela os acha lindos.

Só que parece que o homem de braços poderosos também quer mais no sexo. Minha amiga não entende, mas de uma hora pra outra parece que todos os homens passaram a lhe exigir isto.

Ela acha isto uma injustiça. Quando ela transa com eles rola tesão, pico de tesão, orgasmo, cansaço, sono, tudo normal. Talvez seja mais legal pra ela do que pra eles, por isso eles querem mais. Ou talvez eles queiram mais porque homem tem esta mania de sempre querer mais. Ou talvez eles tenham uma idéia diferente do sexo, para eles uma coisa perto do espetáculo; para ela uma coisa perto da vida real.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quebrar

A noite ainda estava no meio quando as taças foram quebradas. Tiveram que continuar a champanhe em copos, no bico, minha amiga não lembra direito. Só lembra que continuaram bebendo.

Da cozinha foram para o pátio, voltaram pra cozinha e foram para o quarto. Foi nesta volta pra cozinha que as taças quebraram. Ela acha que o cara a sentou na mesa, ela desequilibrou e as taças caíram. Mas não tem certeza.

Eram as taças mais chiques que minha amiga já tinha visto. Daquelas tri altas. Elegantes, sofisticadas e perfeitas. Mas quebram.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Bunda

O desespero em manter a bunda dura levou Betina a detonar o joelho. Nem assim, ela está arrependida. É capaz de quase tudo se a perspectiva for arredondar, enrijecer e levantar a sua bunda.

Betina tem a impressão que capitular à flacidez da bunda tem o significado quântico de se entregar, no mal sentido da palavra. E ela tem tanto pavor de ficar com a bunda caída quanto tem de se entregar, no melhor sentido da palavra.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

E resolver

Eu estava quieta no meu quarto, escrevendo, pensando, quando o meu filho entrou feliz. Tinha resolvido um cálculo matemático complicado, que levou tempo pra ser solucionado. E era o problema número 1. Se não encontrasse a resposta, ele não conseguria fazer os outros, que dependiam do resultado do primeiro.

Perguntei o que ele teve que calcular e ele me disse: o inverso do logarítimo negativo de 10 elevado a 1.7. Eu achei que tinha ouvido ou entendido mal mas ele repetiu:o inverso do logarítimo negativo de 10 elevado a 1.7.

Eu simplesmente não tenho a menor idéia do que ele está falando. Taí uma coisa que nunca entrou na lista das minhas resoluções.

Resolver

Hoje a coisa foi foda. Logo depois de um feriadão, Inês teve um monte de coisas pra fazer, a maioria (todas?) coisas chatas. Pra variar, muitas foram repasadas para amanhã ou depois, mas todas terão que ser cumpridas.

Minha amiga acha esta rotina de compromissos diários um saco e eu concordo com ela. É um absurdo a quantidade de tempo que a gente perde resolvendo pequenos probleminhas (é, pelo menos são pequenos)e a quantidade ainda maior de tempo que a gente perde se não resolver.

Dentro da cabeça de Inês cresce a vontade de não resolver mais nada. De deixar o barco correr sem nenhum tipo de interferência. De esquecer as obrigações. De mandar tomar no cu as convenções. E de, talvez, abrir espaço às paixões.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Iguais

O cara insistiu e ganhou. Era mais ou menos assim que Marina se sentia em relação ao um romance que estava rolando. Se bem que o cara não insistiu tanto assim. Na segunda investida, já levou.

O cara surpreendeu. Marina achou que não passaria da primeira transa, mas os encontros continuaram e se tornaram frequentes. E não foi por causa da primeira transa. Nesta vez, a incompatibilidade de gênios foi total.

O cara é inteligente (a maldita libido intelectual), gosta de mulher (baita qualidade), é sedutor sem ser mulherzinha, tem sexappel e a tal incompatibilidade sexual é cada vez mais rara. Eles tem jeitos diferentes de transar, mas ele se adaptou ao dela e o sexo cresceu. Pra ela, do jeito que tá, tá ótimo. Ele já anunciou que está esperando mais.

O cara é tudo isso mas também é controlador, espaçoso, possessivo, muito mais velho, exigente. Que merda!, se irrita Marina. Quando aparece um cara que ela gosta tem todos estes problemas.

Ela se lembra que todos os homens que a interessaram no decorrer da vida eram mais ou menos assim.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Explicação

Na mesma semana, com um dia de diferença, Diana perdeu o namorado e o personal treiner. O namorado ela já esperava e até queria, mas o professor foi um baque.

O namorado, desta vez, resolveu dar explicações. Logo desta vez que ela não queria ouvir, não por arrogância mas por puro cansaço.

Deixar de amar algúem não tem explicação. Pelo menos, definitiva. A gente acha que deixou de amar por este ou aquele motivo e isto vai se transformando com o tempo. Às vezes, a gente nunca entende por que o amor terminou. Muito menos por que começou.

Já o personal foi embora sem dar maiores explicações. Mas Diana intui que tem a ver com um amor que acabou e outro que está para começar.

terça-feira, 31 de março de 2009

Semana

Exausta, ligada e sem tesão. É assim que Cristina está nesta noite. Sentada na cama, ela não pensa em sair, não está com a mínima vontade de tomar uma cerveja e só pensa em escrever. Sobre os encontros combinados para a semana.

O problema é que ela já marcou três encontros para os próximos cinco dias. Cristina anda assim; topa todas, mas ela tem que estar com vontade. Pelo menos, com boa vontade.

Talvez nada aconteça e ela fique em casa, talvez dando graças a deus. Talvez ela vá em todos os encontros marcados e surjam outros inesperados.

Cristina é eclética, pouco seletiva ou uma puta mesmo. A ela não interessa esta definição. Todas as pessoas e situações, a princípio, são uma aventura incerta mas atraente. O problema é quando tudo isso deixa de ser uma aventura, as dúvidas são proibidas e a atração vira obrigação.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Quem?

Exausta, podre, sonolenta, mas com tesão. É assim que Cristina está nesta noite. Deitada na cama, pensa em sair, tomar uma cerveja, mas a preguiça é maior. Como consolo resta o encontro combinado pra amanhã.

O problema é que ela já marcou dois encontros para amanhã. Cristina anda assim; não deleta nada. Na hora, ela resolve. Às vezes, nada acontece e ela fica em casa, às vezes dando graças a deus. Às vezes, todo mundo liga junto e ela administra, conforme o momento.

Cristina gosta de todos seus mini-casos e tem dúvidas se trepar com um cara durante um, dois anos, pode ser chamado de mini-caso, já que tem intimidade, carinho, identidade e tesão, acima de tudo, tesão. Talvez sejam casos verdadeiros, apenas com limites estabelecidos. Ela também não sabe quem demarcou esta fronteira; se foi ela ou se foram eles.

terça-feira, 17 de março de 2009

Extremos

Chego à conclusão que Helena gosta de um certo tumulto na vida. Quando tá tudo bem, tudo certinho, ela detona alguma crise. Quando não detona, se mete em alguma que surge por perto. Ela é feliz, mas parece que este sentimento está sempre sendo posto à prova.

Helena me jura (sem muita convicção, é verdade) que são os outros que tumultuam a vida dela. Que as pessoas abusam da boa vontade que ela tem com elas. Que as pessoas acham que podem fazer qualquer coisa e e que isto não terá nenhuma consequência. Que as pessoas acham que ela vai aguentar tudo sempre.

Helena me jura que não se considera vítima, só uma idiota.

domingo, 15 de março de 2009

Loucas (elas são)

Antes que tu perguntes, esta é uma tentativa de reaproximação. Inútil, provavelmente, como todas as outras. Eu sou louca, elas são loucas, mas não conseguimos ficar longe de ti.

O mais estranho (sentimento indefinido demais pra mim)é que, mesmo sabendo que tu vais embora, continuo tentando, me expondo à rejeição.

Meu psiquiatra diria que não quero me livrar do abandono, sentimento que faz parte da espinha dorsal da minha vida. Eu acho que está certo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Verdade

Uma certa inquietude toma conta de Paula. Ela não identifica bem o que é, se é ansiedade, euforia, medo ou histeria.

O certo é que ela não está tranquila. Parece que tem que conseguir alguma coisa impossível. Ela se sente forte, mas tem medo que isto não seja verdade; ela se considera fácil e tem medo porque sabe que isto não é verdade.

Aliás, a verdade é praticamente uma obsessão para Paula. Ela gosta de estar ao lado da verdade, mesmo que, às vezes, isto seja um erro, que a verdade seja algo totalmente questionável e até mesmo condenável.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Decepção

A decepção é sempre difícil para Flávia. Claro que, agora, ela sofre muito menos do que há dez, vinte, trinta anos atrás. Aos 16, talvez, tenha sido o auge. Ter que se impor pra não se fuder foi foda. Aos 26 e aos 36, ela também lembra de sofrer bastante. Aos 40, parou de sofrer. Foi uma decisão racional. Tava de saco cheio de sofrer. Só abre exceção quando é muito grande a decepção.

Flávia teve uma enorme decepção na semana passada. Mas o sofrimento deu lugar a uma raiva maior que a decepção. Tem a impressão que, a qualquer momento, o Hulk pode assumir o lugar dela e fazer todo o estrago que ela acha que tem que ser feito, que ela queria fazer, mas é detida por um sentimento de superioridade que ela odeia.

Nestas horas, pensa, nada como a velha e boa chinelagem. Mas ela gosta de ser coerente com alguns mínimos princípios e resolve ignorar. Mas a vontade de detonar continua. Na verdade, ela tem passado os dias controlando esta vontade. E tá conseguindo, ainda bem.

domingo, 8 de março de 2009

Primeiro mundo

Dia internacional da mulher. Talvez esta seja a razão de Luíza ter passado o tempo todo pensando em pau, paus, pra ser mais exata. Não, eu acho que pau é mais verdadeiro. Afinal, era em um pau em particular que ela estava fixada.

Tamanho, espessura, cor e cheiro perfeitos. Ereção também perfeita, rápida, com vigor. Ela me diz que o dono deste pau também é um homem bacana, inteligente e sexy, mas que o pau do cara supera todas estas outras qualidades.

Ouvindo Luiza falar é impossível não ficar com vontade de transar com este cara. Pau decidido. Pau bonito. Pau gostoso. Pau bom de chupar. Pau bom de entrar na gente. Tudo isto e mais um pouco Luiza me garante que o cara tem. Pau de primeiro mundo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mais do mesmo

Os sinais e as razões que um homem dá quando quer se livrar ou - fazendo uma concessão sentimental - se afastar de uma mulher, sempre são os mesmos, mas variam na embalagem. Estes dias, um amigo meu chegou a dizer que brigou com a namorada porque ela usava calça pescador, peça que ele odeia.

Pra mim, a tradução disto é óbvia. O cara tava louco pra pular fora da história e começou a implicar com uma besteira total. Bem, é claro que ele não falou isto para a moça - pelo menos eu acho - mas parece convencido de que isto é verdade.

Um outro amigo meu, que tava voltando a se aproximar da ex-mulher, desmarcou um encontro que eles tinham combinado há umas duas semanas. Primeiro, ele alegou um compromisso de trabalho e ela disse que tudo bem. Depois, ele a chamou conversar e ficou horas falando do trabalho. Ela estranhou o entusiasmo; nos últimos tempos, ele sempre ficava deprimido quando falava de trabalho.

Quando o cara fez uma pausa para tomar um gole de vinho, minha amiga mudou de assunto e falou do show. Ele disse que era disso mesmo que ele queria falar e, depois de um outro gole de vinho, falou que tinha outra programação, um eufemismo pra dizer que ia comer outra mulher.

Minha amiga reafirmou que tudo bem. Ele insistiu, dizendo que a situação era confusa. Ela respondeu que pra ela não tinha confusão. E ficou com uma nítida impressão de que do outro lado houve decepção. Que o cara tava procurando um álibi para fugir da relação.

domingo, 1 de março de 2009

Bifocal

Até quando uma mulher, eu, especificamente, despertará tesão em um homem? Eu admito que tenho medo deste dia. Não por coincidência, diria um amigo meu, hoje fui ver um filme onde uma mulher de uns 50 e poucos anos diz que está ficando velha, que os homens já não a olham como antigamente.

Eu tenho 46, mas ainda não percebo esta indiferença. Mas outros sinais da idade me incomodam. Ter que usar óculos no motel para enxergar as funções daquele monte de botões e alavancas é meio constrangedor, se a pessoa que te acompanha é bem mais jovem. Se é um cara da tua idade, é meio cômico, nenhum dos dois enxerga nada. Se é um cara bem mais velho, além de não enxergar nada, o cara acha que a obrigação de enxergar é tua, que é bem mais nova.

Pior ainda é ter que trocar de óculos se quiser ver tv. Eu não deveria ter ignorado quando meu oftalmo disse que era o caso de um bifocal.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Dar

Passando dos 40 e tantos, Clarice ainda desfruta do seu poder sobre o sexo oposto. Gosta de ser levada pra cama por um homem e de levar também, se este for o caso. Gosta de ser comida, penetrada, chupada, agarrada. Gosta de, literalmente, se entregar para um homem. Até gozar.

Clarice tem várias curiosidades e desejos infantis e pensa se todo mundo goza que nem ela. Ela imagina que não, já que não é todo mundo que ri como ela. Clarice queria ser outra pessoa por um dia, um homem quem sabe, pra saber como é a sensação de seduzir e ganhar uma mulher.

Bem nesta hora ela está curtindo a pré-transa, a hora em que ela decidiu que aquele cara merece, pra aquele cara ela vai dar.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Otimismo II

Saio do cinema pensando no lado avassalador do mal do amor e por que este lado quase (eu realmente sou otimista)sempre não acaba, mesmo depois que acaba o lado bom. Eu não queria continuar pensando em amor, mas cheguei em casa e aquela coisa continuou cutucando.

Pensei nos meus grandes amores, no meu grande amor, naquele que eu achava que era grande e era uma fraude, naquele que eu achava que nunca ia evoluir e que se revelou.

Pensei tanto que numa hora não tinha mais no que pensar.

Aí resolvi escrever.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Otimismo

Abre a tua buceta. Esta foi a primeira ordem que Nora recebeu mal tinha encostado na cama. Ela estranhou mas resolveu dar uma segunda chance para o cara. Afinal, até então Otávio tinha se mostrado agradável, sedutor e inteligente.

Nora não abriu a buceta, mas deixou a coisa ir adiante. E a estranheza foi aumentando. Não havia a menor dúvida que o cara sabia comer uma mulher, mas era de um jeito que não combinava com o dela.

Ela resolveu reclamar; disse que estava achando muita exigência para uma primeira vez, que não gostava de ser mandada nem no sexo nem em nada. Otávio respondeu:

-Então assume o comando.

Ela disse que também não tinha este fetiche. Ele ficou olhando, talvez (sendo otimista) tentando entender.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O quê?

É melhor ser alegre que ser triste. Eu também acredito que alegria é a melhor coisa que existe, mas tem dias que, francamente, dá vontade de ficar triste. Pra evitar, me faço de louca. Até adianta um pouco. Afinal, fazer o quê?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aniversário



Todos convidados para a minha festa de aniversário dia 06/02, sexta-feira, no Revolution Bar, na Plínio Brasil Milano, quase esquina com a Silva Jardim!

Apareçam e confiram a banda da minha filha Mariana, as Lollypops! Ouvi dizer que até homenagem para a aniversariante vai ter!
Beijos

Link para Myspace das Lollypops

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Possibilidades

Disponibilidade total; possibilidade zero. É assim que uma amiga minha se sente em relação ao relacionamento que tem com um homem, não um homem qualquer, mas um homem por quem ela é (?) apaixonada (?) há 30 anos e com quem tem um filho.

Eles praticamente esgotaram as possibilidades, mas restou uma (a mais forte?) e eles continuam transando, mas não são namorados, só têm tesão, amizade, cumplicidade, intimidade. Nada disso terminou com o fim do casamento.

Mas minha amiga não está satisfeita com o tumo desta prosa. Estuda outra (s) possibilidade (s). Quer outra (s) possibilidade (s). Tem direito a outra (s) possibilidade (s).

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Coincidências

Uma amiga minha tava na praia tri a fim de fumar unzinho e foi dar uma banda nas pedras. Nem tinha dado o primeiro pega, um cara chegou perguntando se podia fumar junto. Ela disse que sim e eles mais conversaram do que fumaram.

O cara é carioca, ela tinha voltado há pouco do Rio. O cara gosta de falar, ela também. O cara já passou dos 40, ela tabém. O cara tava sozinho, ela também. O cara tem jeito de quem gosta de transar, ela também.

Em cinco minutos, falavam da ex-mulher e do ex-marido. O cara disse que a ex-mulher queria voltar pra ele, minha amiga disse que também queria voltar para o ex-marido; ele falou que todas as vezes que eles transavam, ela pensava que ele ia cair na real e perceber que ela era a mulher da vida dele; minha amiga falou que sentia exatamente a mesma coisa quando transava com o ex-marido.

De noite, mais conversaram do que transaram. E conversaram sobre a mania que tinham de conversar com a ex-mulher e o ex-marido cada vez que se encontravam pra transar.

Resolveram parar de conversar. E de transar;

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Vontade

Abro uma cerveja e tomo quase tudo num gole. Tava morrendo de sede. Na verdade, tô morrendo de vontade de fazer alguma coisa. Poderia me levantar agora, me produzir e tomar a segunda cerveja na rua. Poderia, mas não seria suficiente. Eu queria mesmo é ir para Buenos Aires.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mãe

Amanhã é a formatura da Mariana, que já mora em outra casa. Caótica, como eram as minhas quando eu tinha a idade dela. Apesar de que, quando eu tinha a idade dela, ela já era nascida.

A Mariana é muito parecida comigo. Não tanto fisicamente, mas de pensamento. E isto acaba nos tornando parecidas também fisicamente. Ela também é jornalista, profissão que, afinal de contas, eu não devo reclamar. Mas ela também é compositora, designer, estilista. Em tudo que exige inteligência e beleza, a Mariana se arrisca.

Esta semana, uma amiga minha se tornou vó e me garantiu que é melhor do que ser mãe. Eu, sinceramente, não acreditei.

Jeito

Depois de meses sem computador e internet no meu quarto, volto a desfrutar deste maravilhoso conforto. Hoje tive um cheio de atividades domésticas - atendi eletricista, encanador e técnico em ar-condicionado. É muito esforço pra mim.

Desde que eu voltei do Rio, me dedico a arrumar a minha casa, para onde eu voltei feliz e aliviada depois de todo aquele baixo astral que rolou no final do ano. Todo dia eu ajeito alguma coisa e a minha casa tá ficando bem do jeito que eu quero Que bom!

Casa

Bah, levei a sério a vontade de me isolar e descansar e faz uns três dias que não saio de casa nem falo com ninguém, fora os meus filhos, irmã, e ex-marido. Ah, um amigo meu me visitou ontem, então, pra variar, eu estou exagerando.

Hoje até cozinhei pra não botar o pé na rua. Ainda bem. Vi na tv que hoje foi o dia mais frio do mês de janeiro dos últimos 99 anos. Credo! Realmente um dia feito sob medida pra ficar em casa.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009 III

É apenas um dia como os outros, uma noite como as outras...
o universo segue seu curso, o planeta gira velozmente e nossa humanidade renova a experiência sensorial do dia e da noite.

Ao mesmo tempo, a virada do ano é um momento absolutamente especial, porque renovamos nossos desejos de que nossa passagem pela terra não seja em vão, mas tenha um sentido que transcenda a nossa própria existência e nos conecte a uma dimensão coletiva e universal, tornando-nos parte importante da aventura humana sobre a terra.

Essa capacidade de simbolizar, de transformar um evento natural em um evento cultural, de celebrar uma mudança inventada, é própria da nossa humanidade e é um luxo poder celebrar a consciência desse momento.

Ter o privilégio de compartilhar a vida cotidiana com pessoas como vocês, faz com que eu me sinta cheia de graça!

Desejo que em 2009 sigamos com o compromisso de viver de forma consciente o momento presente, promovendo a cada dia as mudanças capazes de nos colocar em conexão com nosso próprio espiríto, em solidariedade com o conjunto da humanidade, em respeito com as outras formas de vida e em comunhão com o universo.

Profundo amor,

Este texto eu recebi da minha amiga Betânia.

2009 II

"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro... "
(Fernando Pessoa)

2009 que nos aguarde e que venha 2010!

bom carnaval para todos

Este texto eu recebi da Elenara, uma amiga minha.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009 I

Começou 2009. Já estamos indo para o final da primeira década do milênio. O mundo continua esta confusão que sempre foi e nós, muitas vezes, pouco mais que baratas tontas. Mas vamos tomar as rédeas das nossas vidas. Conquistar o que queremos, brigar, amar, rir, chorar e sermos pessoas melhores. O mundo não virou o 2001 do Kubrik nem o Admirável Mundo Novo do Asimov. Continua sendo a velha terra com seus compostos de carbono alucinados que, diga-se de passagem, são formas sofisticadas de aumentar a entropia do Universo. Que seja, mas vamos ser mais felizes enquanto isto. Um maravilhoso 2009!!!!

Este texto foi enviado por um amigo meu, o Cícero.