quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sonhos

Jô ainda lembra do seu primeiro amor impossível. Ela estava na 5a série, tinha dez anos e o nome do guri era Alexandre. Ela lembra, inclusive, o sobrenome, mas prefere ocultar. Vai que ele lê e fica sabendo que, 36 anos depois, ela ainda lembra dele.

O Alexandre era o gostosão do pedaço, se é que isto é possível aos dez anos de idade. Tinha olhos azuis maravilhosos. Enormes. Andava como se tivesse o rei na barriga. Jô até tá achando que o guri era meio barrigudinho, meio troncudinho.

Ela suspirava e o Alexandre esnobava. Aí ela também esnobava, mas o Alexandre nem notava. Ela se irritava. Quando chegava neste ponto, parecia que o Alexandre começava a se divertir. Ela notava o joguinho. As crianças não são tão inocentes assim.

Depois do Alexandre, minha amiga teve muitas paixões que considerou impossíveis. Mas este foi o único que permaneceu platônico. Deixando a infância de lado, todos os outros, que começaram no sonho, acordaram do lado dela. E às vezes por muitos anos. Era isto o que ela mais queria agora. Que este homem que a faz sentir a mulher mais especial do mundo não desaparecesse justamente nesta hora.

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