quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mesmo que mude...



Este ano, Renata acha que vai conseguir enfrentar o inverno sem brigar tanto com o frio. O ano passado foi muito difícil; a coisa já tava complicada e a umidade não ajudou em nada. Se pudesse escolher, Renata nunca sofreria no inverno. Sofrer na frente do mar é bem melhor do que meio do vento, da chuva e do cinza.

Renata não gosta do inverno. Seus filhos nasceram no verão, sua mãe e seu pai morreram no inverno. É a primeira vez que ela faz esta associação. Ela lembra bem o frio que estava fazendo nas duas vezes e talvez tenha iníciado aí sua intolerância a temperaturas inferiores a 20º.

Renata acha geada a coisa mais desagradável do mundo, mas não sai de Porto Alegre, aliás, não sai nem das imediações do bairro onde nasceu. O espírito criativo-nervoso de Renata frequentemente é vencido pelo conservadorismo e mudanças são adiadas, abortadas ou esquecidas. Falta de coragem ou instinto de sobrevivência? Um medo saudável do desconhecido ou uma covardia diante do novo? Renata não faz questão de encontrar respostas, mas acha que lutar contra as vantagens da estabilidade é tão sem sentido quanto lutar contra o frio.

Nenhum comentário: