segunda-feira, 23 de maio de 2011

dolce far niente


Na falta de uma cerveja sem álcool, Ângela toma uma Polar sem reclamar, sozinha em casa, coisa rara, tomar uma cerveja sozinha em casa, na cama, ar-condicionado ligado e tudo o que ela precisa por perto. Vida boa, ela agradece ao mundo e ao antidepressivo.

Ângela vive uma tranqüilidade atípica. Tá certo que isto deve fazer uma semana, ou menos, e amanhã alguma coisa pode desabar. Ela tem pouca experiência com a serenidade, mas treinamento de guerra para sobreviver em terremotos. Ângela se educou para enfrentar o pior e sempre desconfiou de alegrias inexplicáveis. Ser feliz é coisa de burro, dizem os desesperançados mais convictos.

Apesar de simpatizar com o sentido da frase, Ângela decretou moratória dos questionamentos existenciais. Pensar menos é mais simples; envolve menos sentimento. Há dias seu sismógrafo interno não registra nenhuma alteração. Melhor evitar qualquer provocação.

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