sexta-feira, 27 de junho de 2008

Ajuda

Tem acontecido muita coisa na minha vida. Eu tenho vontade de escrever sobre elas, mas nem sempre tenho tempo ou saco pra abrir o computador, ligar, esperar carregar, encontar a rede, reconectar se a rede demorar. Às vezes a vontade passa.

Muitos amigos e conhecidos têm me me contado histórias que valem a pena ser contadas, principalmentre se a gente quer otimizar a solidão do início da noite de sexta-feira. Solidão não; o meu filho tá no quarto dele deitado. Ele passou o dia meio doente e eu passei o dia em volta dele.

Um amigo de um amigo meu meu, jovem ainda, passa o dia inteiro reclamando. Ou da mulher, ou da faculdade, ou do trabalho, ou dos colegas da faculdade e do trabalho, da mãe, do irmão. E o pior, quando o cara já reclamou de tudo, ele liga para algum 0800 e aí deu, a irritação vai ao ápice. Às vezes, pra arrematar, ele liga pra outro 0800, desta vez para fazer reclamações eu nome da mulher. É nítido que o cara tá passando por uma crise; que está fazendo um pedido de ajuda.

Mas qual a maneira certa de ajudar alguém?

Eu, que sempre estou disposta ou pelo menos sempre sou chamada a ajudar alguém, sinceramente, não sei.

Eu tendo a achar que sempre é melhor dizer logo o que eu penso da situação, o que eu faria, o que eu mandaria à merda, o que eu preservaria, o que mudaria. Mas nem sempre dá pra dizer isto assim, na cara das pessoas. Aí elas te apresentam soluções que tu sabe que não vão dar certo e a gente meio que concorda e tudo continua igual.

Raramente, mas raramente mesmo eu peço ajuda pra alguém. Eu não sei por que, mas isto nunca passa pela minha cabeça. No máximo, as pessoas oferecem e eu aceito ajuda. Quando eu precisei mesmo, procurei um psiquiatra. Eu acho melhor não precisar e não pedir ajuda. Mas às vezes eu penso se os meus amigos, quando eu digo ou demonstro isto, não acham que eu to fazendo um pedido de ajuda cifrado.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Solidão

Cá estou, desta vez pra comentar uma história pra lá de instigante (exagero Fagundes). Uma amiga minha conta que numa semana transou com quatro caras diferentes. Todos ela já tinha transado outras vezes; com dois ela mantém um caso permanente; com um, um caso mais ou menos permanente e com um era a segunda vez que rolava.

Ela gosta dos quatro. Não é apaixonada por nenhum - pelo menos, ela acredita nisso - mas se sente bem com todos. Dois são coroas, da idade (nossa )dela, e dois têm vinte e poucos anos. Em termos de sexo propriamente dito, ela admite que os jovens estão em situação de vantagem.

Pois esta minha amiga, que tenta levar a vida, digamos, livremente, recebeu um e-mail de um conhecido da academia, com quem ela não tem a menor intimidade, dizendo "que uma gata como ela não merecia estar sozinha". Ironia do destino, o e-mail foi enviado na mesma semana em que encontrou os quatro.

Sozinha?

Ela pensou sim, sozinha, e daí?

Ninguém acredita, mas a minha amiga gosta de ser sozinha, gosta de flertar com com ela bem entende, dar pra quem ela quer, não dar quando não tá a fim, enfim, viver a vida e ponto. E de repente, um cara que ela mal conhece está lamentando porque ela está sozinha.

Realmente, é difícil viver um pouco fora dos padrões. Tem que ter cara de pau.

Pra minha amiga, solidão não tem este sentido de sofrimento. Solidão, pra ela, tá ligada com independência, autonomia, maturidade.

Eu me lembro de quando eu era adolescente, que adorava estar sempre em bando. Aos poucos este bando foi diminuindo, depois vivi em torno do bando dos filhos. Agora, como a minha amiga, me dou a luxo de desfrutar as maravilhas da solidão e reclamar das coisas chatas de estar sozinho sem precisar explicar nada pra ninguém.

domingo, 8 de junho de 2008

Melhorar

Eu vou me apresentar dançando daqui a um mês. Isto é uma coisa totalmente nova pra mim. Eu não domino a coreografia, as partes que eu domino eu faço sem graça e, quando acaba, sinto uma espécie de alívio, um misto de terminou com consegui.

Fazer os movimentos, pra mim, é algo tri difícil. Eu sempre adorei dançar, música, o impacto da música no corpo, mas uma coisa livre, onde eu não tivesse que seguir uma ordem no movimento. Numa coreografia, tem que estar tudo na hora certa, sincronizado, mas às vezes eu simplesmente não consigo.

Eu me preocupo porque acho que isto deveria estar me precupando muito mais. As vezes, eu acho que já fui tão exigida na vida, que tive achar tantas respostas, que não me sinto mais na obrigação de cumprir nenhum tipo de expectativa. Se eu já tive que provar que sou ou era boa num monte de coisas, porque não assumir que eu sou ruim em alguma (s) coisa (s) e daí?

O que não quer dizer que eu não tente melhorar. Mas enquanto eu melhoro, as minhas colegas melhoram muito mais, ou seja, elas sempre serão melhores do que eu.

Desde o primeiro ensaio, percebi que seria assim. Mas não desisti. Achei que seria educativo ser a pior num grupo, ter a chance de encarar isto numa boa. O problema é que as pessoas não aceitam que tu aceite a tua ruindade. Tem sempre uma cobrança para melhorar, o que não deixa de ser bom porque aí a gente melhora.

Sempre, na minha vida, eu fui obrigada a melhorar.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Trabalho

Hoje passei o dia trabalhando em casa. Na verdade, desde ontem à noite estou trabalhando, lendo e escrevendo para fazer um jornal. Eu sei que é meio estranho estar trabalhando até agora. No mínimo, significa que não tenho nada melhor para fazer, ou que é uma coisa absolutamente urgente.

Só que nenhuma das duas coisas é verdade. Eu até poderia dar um (ou uns) telefonema e arrumar algo melhor. Neste caso, não há nem controvérsia. E sobre a urgência, esta é uma situação extremamente relativa onde eu trabalho.

Mas este é um jornal que tá empacado há dias e quando a coisa fica muito enrolada, gosto de resolver de uma vez. E eu fiquei em casa, trabalhando em cima da cama, longe do frio, do telefone, de gente confusa, de gente chata, mal-humorada, de gente pedindo, vendendo, ah, principalmente de gente vendendo.

O meu quarto conferiu até um certo prazer ao ato de trabalhar, coisa rara hoje em dia.

domingo, 1 de junho de 2008

Acreditar

Hoje me animei lá pelo meio da tarde e peguei um cineminha. Na verdade, eu achava que não ia gostar e não gostei mesmo. Mas lá pelas tantas, uma personagem é acusada de acreditar em todo mundo. Ela responde que quem não acredita em ninguém é que deve começar a acreditar.

Eu costumo dar esta resposta com freqüência porque também sou acusada de acreditar em todo mundo. Até em quem me sacaneia eu continuo acreditando. E não me decepciono com ninguém por isso.

É que cheguei num ponto que acredito que as pessoas, qualquer pessoa, são capazes de fazer qualquer coisa entre os limites do mal e do bem. Então, raramente me surpreendo.

Talvez esta seja uma forma de não acreditar em ninguém.

O filme que falei é o Beijo Roubado. Tem cenas legais, tem um estética moderna, um Jude Law maravilhoso, a música, também maravilhosa, mas tem um romantismo que isto sim, definitivamente, eu não acredito.